No Aurélio, amigo de todos os verbetes, lê-se que religião vem do latim, nossa língua mãe, religione. É substantivo feminino e tem muitas explicações. Na primeira, aparece: crença
na existência de uma força ou forças espirituais, consideradas como
criadoras do universo, e que, como tal devem ser adoradas e obedecidas. A seguir: como manifestação de tal crença por meio de doutrinas e ritual próprios, que envolvem, em geral, preceitos éticos.
Nas nove seguintes explicações, menciona reverência às coisas sagradas,
virtude de culto prestado a Deus, crença fervorosa, fé, culto, modo de
pensar, de agir e princípios. Depois, vêm as noções do que seja religião
comparada, religião de possessão e religião de caboclo.
Como religião comparada, entende o
pesquisador que seja um ramo de estudos que se desenvolveu a partir do
século XIX, em que se empregam conceitos de ciências, conhecimentos e
métodos científicos para explicar a natureza da religião como fenômeno
humano universal.
Então, é prática humana, universal e,
certamente, existente desde os primórdios da vida sobre a terra, se
considerarmos, pobremente, apenas os habitantes do nosso planeta.
Um texto extraordinário, extraído de um
diálogo entre Leonardo Boff e o Dalai Lama, dois seres que, caso
estrelas, seriam ambos da mesma primeira grandeza. Leiam que perfeição e
como nada mais precisa ser acrescentado:
O teólogo Leonardo Boff conta um breve diálogo que teve com
o Dalai Lama no intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz
entre os povos:
“Era um debate profundo, do qual ambos participávamos, quando eu, maliciosamente, mas também com interesse teológico, lhe perguntei em meu inglês capenga:
- “Santidade, qual é a melhor religião?”.
Eu esperava que ele dissesse: “É o budismo tibetano” ou “São as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo”.
O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos – o que me desconcertou um pouco, por que eu sabia da malícia contida na pergunta – e afirmou:
“A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus. É aquela que te faz melhor.”
Para sair da perplexidade e do incômodo, diante da resposta, cheia de sabedoria, voltei a perguntar:
- “Mas o que me faz melhor?”
Ainda sorrindo, o Dalai Lama respondeu:
- “Aquilo que te faz mais compassivo (e aí senti a ressonância tibetana, budista, taoísta de sua resposta), aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável…
A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião…”
Calei, maravilhado, e até os dias de hoje continuo saboreando e ruminando sua resposta sábia e irrefutável.
“Era um debate profundo, do qual ambos participávamos, quando eu, maliciosamente, mas também com interesse teológico, lhe perguntei em meu inglês capenga:
- “Santidade, qual é a melhor religião?”.
Eu esperava que ele dissesse: “É o budismo tibetano” ou “São as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo”.
O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos – o que me desconcertou um pouco, por que eu sabia da malícia contida na pergunta – e afirmou:
“A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus. É aquela que te faz melhor.”
Para sair da perplexidade e do incômodo, diante da resposta, cheia de sabedoria, voltei a perguntar:
- “Mas o que me faz melhor?”
Ainda sorrindo, o Dalai Lama respondeu:
- “Aquilo que te faz mais compassivo (e aí senti a ressonância tibetana, budista, taoísta de sua resposta), aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável…
A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião…”
Calei, maravilhado, e até os dias de hoje continuo saboreando e ruminando sua resposta sábia e irrefutável.