“A prática do pranayama pode ser descrita como o controle
voluntário da inspiração, expiração e a retenção do
fôlego. Isso é feito principalmente para
estabelecer uma nova condição de respiração que
deve se tornar habitual depois de suficiente
prática voluntária.
Nesse contexto, a transição de esforço
para hábito é acompanhada por uma sensação na mente (que chamamos
de humor), crescendo e se tornando definitivo ao longo
do processo, Por meio da qual mais tarde sempre
que se perceber que a respiração voltou a um mau
ou indesejado hábito, pode-se lembrar da
sensação, e com um quase imperceptível ato de vontade,
re-estabelecer o novo hábito.” (Ernest Wood, Yoga)
Qualquer um que entre pelo “Portão sem Porta” do Zen tem
uma história para contar. A de um grande estudioso começou
em uma noite de verão quando recebeu um telefonema
de um amigo que havia recentemente se mudado para
outro Estado. “Encontrei uma sacerdotisa Budista
que ensina Zen”, ele disse. “Na noite passada
ela me deu um exercício respiratório chamado Respiração
Curadora.”
Ele
ficou imediatamente interessado. Tinha um hobby
de colecionar exercícios de meditação. Não dominava
nenhum, mas tinha orgulho da sua coleção, apesar disso. “Me
conte!”, disse a seu amigo, com um ávido entusiasmo.
Conversaram um pouco e mais tarde naquela noite
tentaram o método. No dia seguinte, esse
estudioso ainda estava exasperado por seus fúteis
esforços. Ligou para seu amigo e reclamou: “Esse exercício
é muito difícil!” “Não é para ser fácil”, ele disse. “Você
só tem de fazer.”
Ele já havia tentado muitos tipos de exercícios
respiratórios mas nenhum tinha sido tão fascinante como a
Respiração Curadora. Sua abrupta simplicidade e inesperada
dificuldade o fez pensar que deveria haver algo
interessante ali. Não foi senão muitos anos mais
tarde que ele pegou a Respiração Curadora de
dentro do seu baú de pranayamas, como aquele ao
qual se dedicaria. Levou anos nesse ínterim para
desenvolver a Atitude Correta que seria necessária
para fazer o exercício funcionar.
A Respiração Curadora é tudo o que precisamos para entrar
no Zen. Qualquer um que possa respirar pode fazê-la: ela
não requer nenhum conhecimento especial de sutras
ou filosofia e nenhum ambiente especial como uma
sala de meditação, monastério ou templo: tudo o
que requer é a Atitude Correta. Ao invés de
reapresentar os detalhes de como a Respiração Curadora
é realizada, é necessário esclarecer porque a praticamos e
descrever os pré-requisitos essenciais que devem ser
estabelecidos antes de se tentá-la.
Obstáculos
O aprendizado começa do começo!!! Do mesmo modo que um professor
de Matemática não tentaria ensinar Cálculo a um
estudante que não aprendeu ainda princípios
rudimentares de Álgebra, um Mestre Zen não
considera dar meditações avançadas a um estudante
que ainda não aprendeu a controlar a respiração.
Quando as pessoas dizem que passaram anos praticando uma variedade
de exercícios de meditação sem sucesso,
lembramo-nos de nossas próprias experiências e
dizemos para fazerem como nós fizemos: volte ao
começo e aperfeiçoe a Respiração Curadora. Até que
o completo comando da respiração seja conseguido, há pouca
chance de sucesso com outras disciplinas de meditação e
nós, sem percebermos, permanecemos no Zen dos 6
mundos, frustrados em nossos esforços e
desiludidos com o Caminho.
O ego é inevitavelmente o maior obstáculo.
Quando ele começa a agir, nos debatemos como um
peixe na terra seca. “Por que devo fazer isto?” “Por
que não posso fazer outra prática?” “Não tenho tempo!” “Posso
mudar a razão de 1:4:2 para 1:4:3?” “Não tenho
energia!” “Preciso levar a roupa para a
lavanderia!” Nos sacudimos e contorcemos quando
nos aparece algo que não queremos fazer – nossa fé
na prática fica enfraquecida pelo ego subversivo mais e mais.
Porque uma prática tão simples como a respiração ritmada
traz tanta resistência e como pode a resistência
ser superada?
Ter
a Atitude Correta requer uma fé inquestionável e dedicação
à prática com a intenção de ter sucesso. Se não sabemos para
onde estamos indo, não pedimos informação? E se
nos disserem para ir para a direita e então
depois do segundo semáforo virar à esquerda, não o
fazemos incondicionalmente? Isso é tudo o que
“Atitude Correta” significa: seguirmos as instruções
com boa vontade, sem resistência, com fé em que o fazendo
chegaremos ao destino.
Quando nos encontramos brigando com a prática, arrumando
desculpas para não fazê-la ou querendo alterar a proporção
ou fazer de outro modo, temos de reconhecer que
estamos enrolando – inventando meios analíticos de
evitar fazer o trabalho necessário. Atitude
Correta significa não ceder aos nossos desejos, mas
atacar a prática como se nossas vidas dependessem dela, como
se fosse a última atitude de nossa existência.
Frequentemente recomenda-se às pessoas para
imaginarem alguém apontando uma arma para suas
cabeças – a energia e a devoção à prática que
esta imagem pode induzir é o que é necessário para se obter
sucesso. Há uma história de um general que, enquanto
visitava um velho mestre Zen, ouviu um noviço
reclamar porque não conseguia se concentrar.
“Posso resolver este problema para o senhor,
Mestre?” – pergunta o general. “Sim, por favor!”, diz alegremente
o mestre.
O general busca uma xícara e a enche até a borda
com água. Passa a xícara ao noviço e ordena: “Ande pelo perímetro
deste pátio carregando esta xícara com água.
Enquanto você faz isso, seis de meus melhores
arqueiros estarão de prontidão e o matarão se
você derrubar uma só gota”. O noviço rapidamente
aprendeu a se concentrar…
Quando fazemos qualquer prática Chan passivamente, esperando
que alguma coisa misteriosamente aconteça conosco,
perdemos nosso tempo e só conseguimos ficar
frustrados. Então, após pouco tempo, desistimos.
Permitindo a nós mesmos ceder à preguiça,
circundamos a montanha eternamente. Nenhuma prática de meditação
ou pranayama terá sucesso a não ser que nos
comprometamos 100% com ela, com o coração, com a
consciência e com o corpo.
Ocasionalmente, pode haver algum obstáculo físico como condições
médicas subjacentes afetando o sistema respiratório
ou cardiopulmonar. Neste caso, um médico deve ser
consultado antes de tentar os exercícios. Se o
devoto fuma ou danifica o aparelho respiratório
com drogas, pode haver problemas diversos gravíssimos, dificuldades
para respirar e ruídos ao fazê-lo quando do início
da prática da Respiração Curadora pela primeira
vez.
Se há o vício de fumar (ou do uso de outras
drogas), ou ânsias de qualquer tipo, serão
naturalmente dispersados e mais cedo ou mais tarde
eliminados se a Respiração Curadora for feita corretamente
e regularmente.
Efeitos da Respiração Curadora
A Respiração Curadora trabalha em três níveis: o psicológico,
o fisiológico e o espiritual. No começo, estes três
estão interconectados como as partes entrelaçadas
de uma corda, cada um dependendo dos outros para
ter força, cada um ficando mais forte à medida
que os outros ficam mais fortes.
Com o crescimento e amadurecimento da prática
da Respiração Curadora, a corda passa a parecer
mais com um fio de pesca. Quando os componentes
psicológicos/fisiológicos/espirituais se juntam
em um, entramos no estado de maravilhosa êxtase da meditação.
Efeitos psicológicos
–
A Psicologia depende da existência de um ego –
uma força de vontade arbitrária, auto-e
preocupada consigo mesma. Quando essa criação fica agitada
nos sentimos deprimidos, bravos, com desejos negativos, com
medo, ansiosos etc. O processo de superação do ego
cria essa agitação ao assaltá-lo com a
possibilidade de extinção – algo a que o ego
firmemente se opõe.
Começar a prática da Respiração Curadora pode
causar mau humor e ansiedade temporárias por este
motivo. Quando acontece, devemos compreender a relação
de causa e efeito e deixar que os efeitos problemáticos passem
tão facilmente como quando apareceram; porque nossa
vontade consciente e determinação espiritual são
as únicas forças às quais o ego não resistirá.
Quando sucumbimos ao desejo do ego por uma
existência segura, desistimos do comando de
nossas vidas e caímos profundamente nos confins do domínio
ilusório, samsárico, mayávico, do ego. Mas com
uma grande força de vontade, e ajuda poderosa da Divindade,
como perceberemos ao ler os outros textos do link
Psicologia Gnóstica, passamos por esses episódios
desagradáveis de oscilação psicológica, ganhando
cada vez mais força. Com a prática continuada,
tornamo-nos imunes a quaisquer novos ataques egóicos, pois
um novo poder de vontade aparece, e este é capaz de
identificar e extinguir qualquer humor indesejado
com desprezível esforço.
Efeitos Físicos –
Como todos sabemos na era moderna, a mente-corpo é
um sistema altamente interconectado – mude uma
parte do sistema e a outra é influenciada – então não
é surpresa que a prática regular da Respiração Curadora traz
mudanças benéficas para cada parte da mente-corpo.
Ao passo que a mente é acalmada pela prática do
lento exercício respiratório, o cérebro ganha
maior habilidade para regular a produção de
serotonina e outras substâncias químicas responsáveis
pela regulação de nossa bioquímica: dormimos melhor, nosso
humor melhora, nos tornamos mais calmos e menos
agitados. Além disso, os músculos relaxam, os
sistemas pulmonar e cardiovascular se tornam mais
fortes e saudáveis, o vigor e a resistência
física aumentam, a digestão melhora, a capacidade de concentração
mental e a memória são aprimoradas e inclusive nossa
potência sexual se dinamiza.
Leva apenas alguns dias de prática para que se comece a perceber todos esses efeitos.
Efeitos Espirituais –
Somos todos seres espirituais por natureza,
somos essencialmente uma Chispa Divina, e então,
na verdade, não há nada espiritual a ser ganho com a prática
da Respiração Curadora. Isto é, nada a ganhar que já não
tenhamos. O que precisamos ganhar é a consciência desperta da nossa natureza espiritual.
Com devoção religiosa ao exercício da Respiração Curadora, podemos ganhar insights;
um evento que chamamos Satori – uma gestalt, um
repentino dar-se conta de nossa natureza pura,
livre, não-dualista, como seres humanos. Quando
isso acontece, vemos o ego como a ilusão arbitrária
e vemos, com clareza, o que sobra: nossa Verdadeira Natureza,
nossa natureza de Buda, nossa verdadeira
identidade, que pode se perder em Deus, assim
como uma gota se perde no Oceano Infinito.
Como um holograma, o todo contido em cada parte,
mas até que nossa mente esteja calma e o corpo tranqüilo,
vemos com uma mente que voa em todas as direções, criando
distinções de forma, som, cheiro, gosto, tato e
pensamento. Vemos apenas as partes e não o todo.
Para os iniciantes no Zen, a Respiração Curadora é um ótimo
lugar para começar a prática. E para os que passaram
muitos anos estudando Zen e praticando uma
variedade de exercícios sem progresso
significativo, a Respiração Curadora é um ótimo
ponto para se retornar. Mesmo os adeptos usam a Respiração
Curadora para iniciar suas práticas, sabendo que ela
rapidamente trará a mente-corpo ao equilíbrio e
preparará o caminho para a entrada em profundos
estados de meditação.
Como é praticada a Respiração Curadora
A Respiração Curadora é feita em três partes num padrão regulado
que chamamos de “1:4:2″: uma inalação (1), uma
retenção (4), e uma exalação (2). Isso significa
que o fôlego é segurado por quatro vezes o tempo
que se leva para inalar. Quando fazemos a prática
pela primeira vez, podemos começar com 4:16:8, onde
cada número contado é um segundo. Então, à medida que a Respiração
Curadora se torna mais forte e durável, podemos
tentar 6:24:12, e então 8:32:16 etc.
Gradualmente, estendemos a contagem para
durações mais e mais longas, mantendo a mesma relação
e intervalo de um segundo. Um relógio audível pode ser usado
para marcar os intervalos, ou, se o coração pode ser
ouvido ou sentido, pode ser usado também.
Ao fazer a prática, parar para admirar os
resultados não é uma opção: concentração contínua
na contagem é essencial. Com o Correto Esforço e a Correta
Atitude, num curto período de tempo – dias ou semanas –
começaremos a notar mudanças sutis no humor e
energia física, e nosso comportamento se tornará
mais calmo e quieto.
Esse é o poder de um dos mais simples
exercícios de pranayama, um exercício que prepara
o palco para todas as subseqüentes práticas Zen.
As doenças podem ser curadas pela respiração
As doenças podem ser curadas pela respiração. Parece loucura,
mas não é. Hoje, milhares de pessoas procuram as
terapias respiratórias do Yoga (shiktsa yoga pranayama)
para minimizar seus problemas físicos e
psíquicos. Por quê? Porque milhares de outras
pessoas – pesquisadores da área médica – indicam
este método como eficaz, sem efeitos colaterais e
extremamente saudável.
Uma dessas pesquisas foi realizada na USP, na
faculdade de Psiquiatria, com pessoas que tinham
Síndrome do Pânico. Os resultados foram fantásticos e sem
efeitos colaterais dos fortes remédios que alguns tomavam.
Os atletas se beneficiam em muito com essas
terapias, aumentando o seu rendimento físico.
Diversos tipos de pessoas com os mais variados
problemas adotam essas terapias com resultados
muito bons.
O mecanismo da respiração como terapia (shiktsa yoga)
envolve o consciente tensionamento e relaxamento dos
músculos, dos nervos e também da mente, mediante a
respiração. O objetivo desta terapia é promover
um corpo saudável e uma mente equilibrada, para
que o trabalho de interiorização seja efetivo e facilitado.
Esse método de terapia (shiktsa yoga) respiratória
não tem por fim apenas o tratamento de doenças em larga
escala: deve também ser praticado livremente para
conservar a saúde, prevenir doenças e assegurar
uma mente sadia e equilibrada, a serviço,
obviamente, do Ser Interior.
Alguns dos efeitos do pranayama sobre o corpo físico
Aumenta a capacidade vital; realiza a massagem dos órgãos
internos; reduz os distúrbios respiratórios; aumenta a
expectoração; reduz a prisão de ventre; regula a
pressão arterial; previne e trata cardiopatias;
purifica o corpo; reduz a visceptose; reduz a
ansiedade e tranqüiliza; regula o funcionamento das
glândulas; reduz insônias; aumenta a irrigação sanguínea;
gera repouso; regula as funções vegetativas; reduz o
cansaço mental; melhora o funcionamento do
aparelho digestivo; aumenta a resistência e
defesa orgânica, e muito mais.
Fonte: http://www.gnosisonline.org/medicina-esoterica/respiracao-curadora/