A fatalidade é a conseqüência natural da lei de causa e efeito, quando todos
os seus mecanismos amortecedores e compensadores não possam ser acionados, ou já se
tenham esgotado, ficando o indivíduo a mercê da resposta inevitável do que tenha gerado.
Também a fatalidade pode ser a expressão da escolha que o próprio Espírito faz ao
encarnar como prova física, ficando as chamadas provas morais na dependência do seu
livre-arbítrio, em ceder ou resistir, às eventuais pressões que receba. As provas fatais de
uma forma geral, têm a finalidade de resgate para o Espírito que se encontrava em débito
com a Lei Maior.
“Fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte o é. Chegado
esse momento, de uma forma ou doutra, a ele não podeis furtar-vos”. Isto quer dizer, que
todos os acontecimentos que o homem, para justificar seus erros, rotula de fatais, podem
ser modificados com a ação de seu livre-arbítrio, desde que com a devida antecipação,
raciocine e atue de modo a fugir daquilo que lhe pareça já sem solução ou fatal.
A morte como extinção do fluído vital, que aviventa o corpo físico, libertando o
Espírito para a sua vida em outro plano, é fatal, podendo, no entanto, o seu momento ser
modificado, por antecipações ou retardamentos, em que múltiplas situações se conjugam.
Quando todos estes mecanismos convergem para determinada hora, o homem tem que se
render depois de ter utilizado todos os meios para evitá-la, porque se trata de um fenômeno
natural de passagem de volta para seu mundo original –
A fatalidade da morte é a manifestação da superioridade do mundo espiritual
sobre o material e não como muitos pensam, um desígnio pré-estabelecido de dia, hora e
local, como situação fixa, inamovível e inexorável.
O homem, por mais que faça, jamais conseguirá imortalizar a vida na matéria,
porque isto contrariaria a natureza da própria matéria, que é perecível, finita e secundária ao
Espírito.
Com a capa da fatalidade muitos procuram esconder seus próprios atos
buscando eximir-se da responsabilidade, contudo “... sempre confundis duas coisas muito
distintas: os sucessos materiais da vida e os atos da vida moral. A fatalidade, que algumas
vezes há, só existe em relação com aqueles sucessos materiais, cuja causa reside fora de
vós e que independem de vossa vontade (vide flagelos destruidores na 8ª Sessão do
PBDE). Quanto aos atos da vida moral, esses emanam sempre do próprio homem que, por
conseguinte, tem sempre a liberdade de escolher. No tocante, pois, a esses atos,
fatalidade”.
Se a fatalidade fosse uma lei que se sobrepusesse à do livre-arbítrio, não
haveria na ação do homem nem mérito, nem culpa, pois não haveria responsabilidade.
Diante da situação de dificuldade geral por que passa o mundo na atualidade,
e lembrando que estamos em época de fechamento de ciclo evolutivo da humanidade,
recordemos que nós mesmos escolhemos as nossas provas. “... Quanto mais rude ela for e
melhor a suportares, tanto mais te elevarás. Os que passam a vida na abundância e na
ventura humana são Espíritos pusilânimes, que permanecem estacionários. Assim, o
número dos desafortunados é muito superior ao dos felizes deste mundo, atento que os
Espíritos, na sua maioria, procuram as pessoas que lhes sejam mais proveitosas. Eles vêem
perfeitamente bem a futilidade das vossas grandezas e gozos. Acresce que a mais ditosa
existência é sempre agitada, sempre perturbada, quando mais não seja, pela ausência da
dor”.
Os homens através da sua imprevidência e da sua luxúria, criam a fatalidade
que a Lei Maior utiliza para que eles resgatem suas próprias dívidas.