Teosófico
A Teosofia e o Movimento Teosófico
Uma Sabedoria Universal e um Campo de Aprendizado
O termo “Teosofia” existe há milhares de anos e é uma herança dos filósofos do Egito antigo.
Foi no século três da era cristã que Amônio Saccas batizou de Teosofia Eclética a sua filosofia platônica universalista.
Literalmente,
“Theos-sofia” significa Ciência ou Sabedoria Divina, conforme explica
Helena Blavatsky. Porém, cabe perguntar: “Como é que funciona e se
expressa no mundo a sabedoria divina?”
A verdade é
que não pode haver um conhecimento sem uma prática. Nenhuma filosofia
sobrevive se não houver uma escola em que ela seja se ensinada, testada e
praticada. Em Alexandria, há 17 séculos, Amônio Saccas criou uma escola
neoplatônica de Teosofia. Em Nova Iorque, em 1875, Helena Blavatsky
fundou a escola moderna de Teosofia, o chamado “movimento teosófico”.
Tanto hoje
como na antiguidade, “Teosofia” é aquela sabedoria universal e
eterna que está presente nas grandes religiões e filosofias e nas
principais ciências da humanidade. A Teosofia é, portanto, uma ponte
entre as culturas. É um conhecimento interdisciplinar. Ela requer uma
abertura mental, um espírito crítico e um constante desafio a dogmas,
rotinas e burocracias de todo tipo. Inclusive religiosas.
A Teosofia
abre as portas do conhecimento para que cada estudante possa ver e
compreender uma verdade revolucionária: o fato de que sua alma é uma
parte viva do todo universal.
Em outras
palavras, a Teosofia faz com que se amplie no estudante “Antahkarana”, a
ponte ― a relação dinâmica ― entre a alma mortal e a alma imortal.
Assim, o cidadão passa a ver a evolução do universo como uma fotografia
ampliada da sua própria evolução individual. Ele percebe que todo ser
humano é, em si mesmo um resumo do universo, assim como cada átomo de
matéria física é uma miniatura do sistema solar. A Lei da Unidade e do
Equilíbrio determina que as coisas ocorram “assim na terra como no céu;
assim em pequena escala como em grande escala”.
Que linhas
sagradas, então, guiam o tempo todo a evolução humana? Nosso
aprendizado segue inevitavelmente as leis do Carma e da Reencarnação.
Estas são, respectivamente, as leis da “responsabilidade” e da “segunda
chance”. Com o tempo, porém, o estudante acaba descobrindo que a
lei da reencarnação é na realidade uma parte da boa lei do Carma. O
conceito ainda é pouco compreendido, mas ― superstições e fatalismos à
parte ― a lei do carma é o princípio eterno da justiça universal e da
harmonização constante de todos os seres e coisas do universo.
O que se planta, se colhe, e deste modo aprendemos a plantar o que é bom, justo e verdadeiro.
Carma e
reencarnação são dois aspectos absolutamente essenciais da filosofia
esotérica. Aquele que ignora esses dois temas dificilmente pode ser
considerado teosofista. Cabe perguntar, porém: “O que é, exatamente, que
reencarna em nós?” A resposta é desafiadora. Não é o corpo. Não é a
alma mortal. É apenas a alma imortal, a mônada, o Espírito elevado, e
não o eu inferior, que reencarna. A cada renascimento, a alma imortal
está associada a um novo corpo e uma nova alma mortal.
Ao final de
uma vida, não há apenas uma morte física; algum tempo depois dela,
ocorre a morte astral, do eu inferior. E então a alma imortal segue,
livre, para o “Devachan”, o “local dos deuses”, de onde só despertará
para uma nova exitência. As encarnações se sucedem durante um tempo
inimaginavelmente longo, até que um dia a Alma se liberta finalmente da
roda da reencarnação e alcança a condição de um Buddha, um Adepto, um
Mahatma ― um Mestre. Esses seres trabalham sempre em silêncio e
anonimamente.
Helena Blavatsky não criou, e não pretendeu ter criado, a sabedoria.
Auxiliada e
orientada por Mahatmas, ela apenas colocou à nossa disposição
elementos para que a sabedoria universal possa ser mais facilmente
percebida e vivida. Esse conhecimento do mundo divino é uma tradição
global e intercultural, milenar e também moderna, cuja descoberta
gradual fará com que todos os dogmas religiosos, nacionalistas e
ideológicos se desfaçam, e as guerras e o fanatismo comecem a perder
sentido.
Todo
conhecimento implica necessariamente testes e responsabilidade. E
testes mostram tanto erros como acertos, e avanços, e fracassos. A
Teosofia, como filosofia abtrata e universal, se desdobra na prática e
no dia-a-dia através de um amplo Movimento Teosófico onde não faltam
desafios e limitações humanas.
Não há hoje uma instituição que detenha o monopólio da filosofia esotérica. A maior instituição é a Sociedade Teosófica de Adyar, que tem sede na Índia e existe em cerca de 60 países, inclusive o Brasil. Há também a Sociedade Teosófica de Pasadena,
com sede internacional nos Estados Unidos e presença em cerca de 10
países. Uma terceira força presente internacionalmente preferiu
organizar-se como uma rede de estudantes autônomos, e não como uma
corporação. Trata-se da influente Loja Unida de Teosofistas, L.U.T., que existe em cerca de 13 países e que desde o início de 2007 está começando um trabalho no Brasil.
Enquanto a
Sociedade de Adyar dá grande importância a crenças e rituais, deixando
de lado, em parte, a Teeosofia original, a S.T. de Pasadena e a Loja
Unida de Teosofistas priorizam a proposta filosófica original,
formulada por H.P. Blavatsky.
Além dessas três escolas maiores de Teosofia, há uma grande variedade de grupos e iniciativas teosóficas independentes,
que seguem a teosofia autêntica de Blavatsky e dos Mestres, e que são
influentes internacionalmente. Dois bons exemplos são a Sociedade Teosófica de Edmonton, no Canadá, e a Fundação Blavatsky, no México.
Não se deve esquecer, tampouco, a presença de segmentos importantes do movimento esotérico mais amplo, que tiveram origem no movimento fundado por H.P. Blavatsky.
Entre eles estão a Escola Arcana e Boa Vontade Mundial, fundados por Alice Bailey ; a Agni Yoga, de Nicholas e Helena Roerich; e a Sociedade Antroposófica, de Rudolf Steiner.
Estes três
segmentos tiveram a Teosofia como inspiração inicial e original e
contribuem positivamente para a formação de uma ampla base de
fraternidade universal e de filosofia interdisciplinar, no mundo de
hoje.
Inevitavelmente, a filosofia esotérica mais autêntica trabalha para que a humanidade se liberte de crenças cegas e automáticas. Ela dá elementos para que cada indivíduo possa desenvolver uma compreensão autônoma e solidária da vida e do Universo.
O movimento teosófico, com suas diversas escolas de pensamento, oferece um vasto campo de testes e aprendizado. Sendo humano, o movimento tem dentro de si o joio e o trigo, verdades e ilusões, a letra morta e o espírito que vivifica.
A busca sincera dos objetivos do movimento permite a cada aprendiz
desenvolver o seu discernimento e ver além das aparências ― sem cair no
dogma, na rotina ou no ritual.
Os objetivos do movimento são três:
1) Formar o núcleo de uma Fraternidade Universal da Humanidade, sem distinção de raça, credo, sexo, casta ou cor;
2) O estudo comparado das religiões, filosofias e ciências antigas e modernas, e a demonstração da importância de tal estudo; e
3) A investigação das leis inexplicadas da Natureza e dos poderes psíquicos latentes no homem.
É fácil perceber que a tarefa teosófica não é de curto prazo, e
que vale a pena. “Tudo que é humano me diz respeito”, afirmou um dia o
pensador romano Terêncio. Um teosofista moderno poderia ampliar a
frase, dizendo:
“Tudo que é mineral, vegetal, animal, humano e divino, e tudo que é eterno e infinito, me diz respeito, essencialmente”.
De fato, a
Teosofia abarca a essência (não a casca externa) de tudo o que há; e
por isso o movimento teosófico é necessariamente complexo. Uma longa
caminhada começa com o primeiro passo, e William Judge escreveu em “O
Oceano da Teosofia”:
“A Teosofia é
um oceano de conhecimento que se estende de um extremo a outro da
evolução dos seres sensíveis. Insondável nas suas partes mais
profundas, ele exige das mentes mais poderosas o máximo de seu alcance,
embora seja suficientemente raso em suas margens para ser entendido por
uma criança.”
A seguir, damos algumas sugestões de leitura.
Livros para ler e discutir com os amigos:
* A Chave Para a Teosofia – H.P. Blavatsky, Editora Teosófica, Brasília, 1991, 261 pp.
* Fundamentos da Filosofia Esotérica – H. P. Blavatsky (org. Ianthe Hoskins), Ed. Teosófica, Brasília, 1991, 90 pp.
* Helena Blavatsky (A Vida e a Influência Extraordinária da Fundadora do Movimento Teosófico Moderno) –
de Sylvia Cranston, Editora Teosófica, Brasília,1997, 678 pp. Mais que
uma biografia, esse livro único, que se lê como um bom romance, é uma
excelente iniciação à filosofia esotérica. Sylvia Cranston faleceu no
final dos anos 1990. Ela foi, a vida toda, associada da Loja Unida de
Teosofistas, LUT.
* O Oceano da Teosofia –
de William Q. Judge. Esse livro está sendo só agora gradualmente
traduzido e publicado em língua portuguesa. Obra clássica, “O Oceano da
Teosofia” é uma das melhores exposições da filosofia esotérica de todos
os tempos. Junto com Helena Blavatsky e Henry S. Olcott, William Judge
foi um dos três principais fundadores do movimento teosófico em 1875.
Os primeiros capítulos de “O Oceano da Teosofia” já podem ser obtidos
gratuitamente no website www.filosofiaesoterica.com
(acesso fácil buscando na lista de títulos por autor). A tradução
prosseguirá no mesmo website. Estes são uma obra e um autor de grande
importância, em um país em que a Teosofia autêntica ainda é pouco
conhecida.
* A Voz do Silêncio – H. P. Blavatsky, Ed. Pensamento, SP, 103 pp.
* Luz no Caminho –
de Mabel Collins, Ed. Pensamento, SP. Um profundo tratado sobre o
caminho espiritual. Na verdade, trata-se da tradução para o Ocidente de
regras e recomendações milenares dadas aos discípulos dos Mahatmas e
Rishis.
* Cartas dos Mestres de Sabedoria
– editadas por C. Jinarajadasa, Ed. Teosófica, 1996, 295 pp. Um volume
único reúne as duas séries de Cartas editadas por C. Jinarajadasa.
* Cartas dos Mahatmas Para A. P. Sinnett – Ed. Teosófica, Brasília, dois volumes, 2001. Ensinamentos diretos dos Mestres e Raja-Iogues dos Himalaias.
* O Poder da Sabedoria
– Carlos Cardoso Aveline, Ed. Teosófica, Brasília. O crescimento
interior e a transformação pessoal na nova era. Um guia vivencial e
filosófico para a prática diária da teosofia.
* Três Caminhos Para a Paz Interior
– Carlos Cardoso Aveline, Ed. Teosófica, Brasília. O caminho do
guerreiro da luz, o caminho do auto-conhecimento, e o caminho da
renúncia às ilusões, de acordo com a Teosofia de Helena Blavatsky.
* Ísis Sem Véu
(Uma Chave-Mestra Para os Mistérios da Ciência e da Teologia Antigas e
Modernas) – H.P. Blavatsky, Editora Pensamento, SP, quatro volumes.
* A Doutrina Secreta (Síntese da Ciência, da Religião e da Filosofia) – Helena P. Blavatsky, Editora Pensamento, SP, seis volumes.
* Ocultismo Prático
– H. P. Blavatsky, Ed. Pensamento, SP, 79 pp. – Inclui os textos
“Ocultismo Versus Artes Ocultas” e “Algumas Sugestões Práticas pa ra o
Dia a Dia”.
* Reminiscências de H.P. Blavatsky e de “A Doutrina Secreta” – Condessa Wachtmeister (e outros), Ed. Pensamento, SP, 139 pp.
* As Origens do Ritual na Igreja e na Maçonaria – H. P. Blavatsky. Ed. Pensamento, SP, reedição em 1995, 77 pp.
* O Mundo Oculto, A Verdade Sobre as Cartas dos Mahatmas – de Alfred P. Sinnett, Ed. Teosófica, 2000, 232 pp.
* O Budismo Esotérico
– Alfred P. Sinnett, Ed. Pensamento, SP. Obra inspirada e baseada nas
Cartas que o autor recebeu dos Mestres dos Himalaias. Uma boa exposição
da filosofia esotérica.
* Wen-tzu
- A Compreensão dos Mistérios – Ensinamentos de Lao-tzu, Tradução do
chinês, Thomas Cleary. Ed. Teosófica, Brasília. A sabedoria chinesa
antiga é profundamente teosófica. Veja-se, também, as várias versões
disponíveis no Brasil da obra “Tao Te King”, de Lao-tzu.
* O
Bhagavad Gita, a Mensagem do Mestre – Tradução de Francisco Valdomiro
Lorenz, Ed, Pensamento, São Paulo. A sabedoria milenar hindu.
* Glossário Teosófico - H.P .Blavatsky- Obra
realizada para ajudar a comreender a Teosofia e o esoterismo de modo
geral. É uma obra póstuma publicada em 1892 , logo após a passagem de
HPB e que só contou com sua revisão inicial.Alguns vebetes depois foram
acrescentados, o que muito diminui a carga moral da obra. Assim mesmo ,
serve como objeto de consulta de temos em sânscrito ,pali, tibetano ,
hebráico ,grego e latim , bem como termos do jagão esotérico de variadas
escolas .
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