Alcorão ou Corão (em árabe
قُرْآن, transl. al-qur’ān, "a recitação") é o
livro sagrado do islamismo.
Os muçulmanos creem que o Alcorão é a palavra literal de Deus (Alá) revelada ao
profeta Maomé
(Muhammad) ao longo de um período de vinte e très anos. A palavra
Alcorão deriva do verbo
árabe que significa declamar ou recitar; Alcorão é portanto uma
"recitação" ou algo que deve ser recitado.
Os muçulmanos podem-se referir ao Alcorão usando um título que denota
respeito, como Al-Karim ("o Nobre") ou Al-Azim ("o
Magnífico").
É um dos livros
mais lidos e publicados no mundo. É prática generalizada nas sociedades
muçulmanas que o Alcorão não seja vendido, mas sim dado
Designação em português
Há duas variantes para o nome do livro usadas comumente: "Corão" e
"Alcorão". Por vezes se afirma que, como o prefixo "al-"
designa o artigo definido no árabe,
o seu uso seria desnecessário. No entanto, nas muitas palavras portuguesas de
origem árabe com "al-" na sua origem, como "almanaque"
ou "açúcar",
a partícula não foi suprimida, e ainda menos em nomes próprios como "Almada" ou
"Algarve".
José Pedro Machado nota que a palavra Alcorão
surge em documentos portugueses do século
XIII[1], ao
contrário da forma Corão, recentemente importada. O Dicionário Houaiss, que
alude ao argumento da "desnecessidade" de "al-" por
corresponder ao artigo árabe, confirma o surgimento de "Alcorão" no século
XIIIséculo
XIX, desde logo criticada pelos puristas. O próprio termo francês terá
surgido apenas no século XVII. O site português Ciberdúvidas da Língua PortuguesaRebelo Gonçalves e Rodrigo de Sá Nogueira.
Já o site brasileiro Sua Língua, editado pelo Prof.
Cláudio Moreno, não condena o vocábulo "Corão", mas defende a
preferência por "Alcorão" .Várias traduções do livro sagrado para
português usam o título "Alcorão". e o seu uso constante nos séculos seguintes. O Houaiss afirma que
"Corão" é importação francesa no final do
considera aceitável apenas a forma "Alcorão", invocando
Estrutura do Alcorão
O Alcorão está organizado em 114 capítulos, denominados suras, divididas em
livros, seções, partes e versículos. Considera-se que 92 capítulos foram
revelados ao profeta Maomé em Meca, e 22 em Medina. Os capítulos estão dispostos aproximadamente de acordo
com o seu tamanho e não de acordo com a ordem cronológica da revelação.
Cada sura pode por sua vez ser subdividida em versículos (ayat). O número de
versículos é de 6536 ou 6600, conforme a forma de os contar.
A sura maior é a segunda, com 286 versículos; as suras menores possuem
apenas três versículos.
Os capítulos são tradicionalmente identificados mais pelos nomes do que
pelos números. Estes receberam nomes de palavras distintivas ou de palavras que
surgem no inicío do texto, como por exemplo A Vaca, A Abelha, O
Figo ou A Aurora. Contudo, não se deve pensar que o conteúdo da sura
esteja de alguma forma relacionado com o título do capítulo.
Nomes das Suras
Abertura; A vaca; A tribo de Omran; As mulheres; A mesa servida; O gado; As
alturas; Os espólios; O arrependimento; Jonas; Hud; José; O trovão; Abraão;
Al-Hijr; As abelhas; A viagem noturna; a gruta; Maria; Taha; Os profetas; A
peregrinação; Os crentes; a luz; O discernimento; Os poetas; As formigas; As
narrativas; A aranha; Os bizantinos; Lukman; A prostração; Os coligados; Sabá;
O criador; Ia. Sin; As fileiras; Sad; Os grupos; O perdoador; ; Os versículos
detalhados; a consulta; Os ornamentos; A fumaça; a ajoelhada; As dunas;
Muhamad; Vitória; Os aposentos; Kaf; Os furacões; O monte; A estrela; a lua; o
clemente; O dia inelutável; O ferro; a discussão; O reagrupamento; A mulher
testada; as fileiras; Sexta-feira; Os hipócritas; O logro mútuo; O divórcio; As
proibições; O reino; A pena; O inelutável; As escadas; Noé; Os djins; O
encontro; O emantado; A ressurreição; O homem; Os emissários; A notícia; Os
arrebatadores; Ele franziu as sobrancelhas; O obscurecimento; a terra fendida;
Os defraudadores; Fenda no céu; As constelações; O visitante da noite; O
altíssimo; O que tudo envolve; A aurora; a cidade; O sol; A noite; A manhã; O
alívio; O figo; O coágulo; Kadr; A prova; O terremoto; Os corcéis; a
calamidade; A rivalidade; A tarde; O difamador; O elefante; Koraich: A
caridade; a abuindância; Os descrentes; O socorro; A corda de esparto; A
sinceridade; A alvorada; Os homens:
Divisão para leitura e recitação
Tendo como objectivo a recitação o Alcorão, pode também ser dividido em
partes de igual tamanho (7, 30 ou 60), que tem como objectivo a leitura
conforme as possibilidades de cada pessoa (leitura em 7, 30 ou 60 dias). A
divisão do Alcorão em 60 dias é a mais habitual, sendo utilizada no ensino. Cada
divisão em sete partes recebe o nome de manzil e em trinta o nome de jus. As
fracções são também divididas em meios, quartos e oitavos.
A compilação do Alcorão
O Alcorão não foi estruturado como um livro durante parte
da vida de Maomé. À medida que o profeta recebia as revelações, ele solicitava
a jovens letrados que integravam a sua comitiva que transcrevessem os textos. O
chefe desta equipe de secretários, que surgiu de forma institucionalizada após
a Hégira,
em Meca, foi Zayd ibn Thabit.
O texto foi preservado em materiais dispersos tão variados como folhas de tamareira,
pedaços de pergaminho,
omoplatas de camelos, pedras e também na memória dos primeiros seguidores.
Durante as noites do Ramadão, Maomé recapitulava as revelações, numa conferência
onde estavam presentes os logógrafos (escritores profissionais) e os hafiz, ou
seja, pessoas que conheciam passagens de memória (que escutaram nas prédicas do
profeta).
Após a morte de Maomé em 632 iniciou-se o processo de recolhimento dos vários extratos.
Para alguns, o Alcorão teria sido reunido na sua forma actual sob a direcção
do califa Abu BakrOmar nos
dois anos que se seguiram à morte de Muhammad; outros defendem que foi o califa
o primeiro a
compilar o Alcorão. Considera-se que a verdade está a meio termo: Abu Bakr foi
aconselhado por Omar a compilar um primeiro manuscrito, auxiliado na tarefa por
logógrafos e por dois hafiz.
Consta que os Primeiros Alcorões escritos no mundo estão em 3 diferentes
museus, sendo destes um no Iraque, outro no Cairo e o ultimo no Uzbesquistão.
Para os Muçulmanos, isso é a maior prova de que o Alcorão nunca foi modificado
em sua existência.
Somente em 1694
uma versão completa do Alcorão foi publicada no Ocidente, na cidade de Hamburgo, por Abraham Hinckelmann, um estudioso não-muçulmano.
Conteúdo temático do Alcorão
O Alcorão descreve as origens do Universo, o Homem e as suas relações entre
si e o Criador. Define leis para a sociedade, moralidade, economia e muitos
outros assuntos. Foi escrito com o intuito de ser recitado e memorizado. Os
muçulmanos consideram o Alcorão sagrado e inviolável.
Alcorão do Al-Andalus (século XII)
Para os muçulmanos, o Alcorão é a palavra de Deus, sagrada e imutável, que
fornece as respostas acerca das necessidades humanas diárias, tanto espirituais
como materiais. Ele discute Deus e os seus nomes e atributos, crentes e suas
virtudes, e o destino dos não-crentes (kuffar); até mesmo temas de
ciência. Os muçulmanos não seguem apenas as leis do Alcorão, eles também seguem
os exemplos do profeta, o que é conhecido como a Sunnah, e a
interpretação do Corão contida nos ensinamentos do profeta, conhecida como hadith.
Aos muçulmanos é ensinado que Deus lhes enviou outros livros. Para além do
Alcorão, os outros são o livro de Ibrahim (que se perdeu), a lei de Moisés (a Torá), os
Salmos de David (o
Zabûr) e o evangelho de Jesus (o Injil). O Alcorão descreve
cristãos e Judeus como "povos
do Livro" (ahl al Kitâb).
Os ensinamentos do Islão englobam muitas das mesmas personagens do judaísmo e
do cristianismo.
Personagens bíblicas bem conhecidas como Adão,
Noé, Abraão, Moisés, Jesus, Maria (a mãe de
Jesus) e João Baptista são mencionados no Alcorão como
profetas do Islão. No entanto, os muçulmanos frequentemente se referem a eles
por nomes em língua árabe, o que pode criar a ilusão de que se trata de pessoas
diferentes (exemplos: Alá para Deus, IblisDiabo, Ibrahim para Abraão, etc). para
Importância do Alcorão na cultura islâmica
O Alcorão na vida dos muçulmanos
Quando uma criança nasce no seio de uma família muçulmana, os seus pais são
saudados com a fórmula "Que esta criança possa estar entre os anunciadores
do Alcorão".
As crianças muçulmanas aprendem desde cedo a começar determinados atos da
sua vida, como as refeições, com a fórmula "Em nome de Deus" (Bismillah) e
a concluí-los com a expressão "Louvado seja Deus" (Al-Hamdu Lillah).
Estas frases são as mesmas que se encontram nos dois primeiros versículos da
primeira sura.
Algumas partes do Alcorão são recitadas durante momentos especiais da vida
como o casamento
ou no leito de morte. Em muitos países muçulmanos certos aspectos da vida
pública começam com a recitação de passagens deste livro considerado sagrado.
Normalmente, os muçulmanos guardam o Alcorão numa prateleira alta do quarto,
em sinal de respeito pelo Alcorão e alguns transportam pequenas versões consigo
para seu conforto ou segurança. Apenas a versão original em árabe é considerada
como o Alcorão; as traduções são vistas como sombras fracas do significado
original (Visto que a tradução do Árabe para outras línguas é muito
dificultosa).
Uma vez que os muçulmanos tratam o livro com reverência, consequentemente é
proibido reciclar,
reimprimir ou deitar cópias velhas do Alcorão para o lixo. Como solução
alternativa, os volumes do Alcorão devem ser enterrados ou queimados de uma
maneira respeituosa.
É considerado um pecado gravíssimo modificar, cortar, excluir ou adicionar
as palavras do Alcorão. Também é considerado pecado vender este livro.
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